Transcrição e Analise de Movimento - Ensaio 29-06-2017
Transcrição e Análise de Movimento – Ensaio dia 29/06/2017
Vídeo 1: https://youtu.be/ohRIgNBnp4Q
Exercício de levantar como um boneco seccionado (00:00 – 19:30): Após breve explicação do Hugo eles começam virados para o espelho e fazem os movimentos se observando. Depois se espalham pela sala e experimentam cada um no seu lugar de trabalho.
Observações do Hugo:
Sempre com a ideia de Democracia. Mas a ideia é o seguinte: vocês estão no chão, totalmente caídos e há uma música enquanto estão nessa posição. Então começa um enorme esforço para se levantar a partir da cabeça.
Quero trabalhar não no tempo da câmera lenta, nem no rápido, mas no tempo dos slides.
Como se fosse um nascimento com força, como se fosse algo que eu não consigo. Vou tentando levantar e quando vou conseguindo eu caio e começo de novo.
Nunca tenho um movimento completo, para fazer um movimento tenho dois movimentos pra chegar no lugar.
Fala “tom tom” e se move duas vezes.
Tudo, perna e braços tudo juntos. Acompanha tudo, não fica parado com os dois pés, não fecha os joelhos.
Façam um movimento deforme como se fossem quasímodos, bonecos maus, bonecos feios, bonecos assassinos.
É como se tivesse um ímã que me prega no chão e não me deixa sair.
Notas do Pesquisador:
(Sobre 1) Mais uma vez, faltando muito pouco para a apresentação o Hugo resolve transformar a cena propondo uma nova coreografia corporal com novas descobertas a serem experimentadas pelo coletivo.
(Sobre 1 e 4) O ponto de partida dessa nova proposta cênica é o movimento, não é uma ideia abstrata: “levantar a partir da cabeça” para discutir o conceito de democracia é uma abordagem epistemológica cinética.
(Sobre 2) Três das mais recorrentes estratégias criativas de movimento: câmera lenta, rápido ou slides (fotos).
(Sobre 5) A musicalidade corporal proposta pelo Hugo as vezes se manifesta em uma musicalidade vocal associada sincronicamente ao movimento. Também, o termo “tom tom” não é apenas um som, mas uma indicação rítmica, isto é, uma associação do movimento ao ritmo.
(Sobre 6) A organicidade do corpo é uma constante no trabalho do Hugo, com raras exceções é lugar-comum desta abordagem que o corpo se mova como um todo e não separado por partes.
(Sobre 3, 7 e 8) Por vezes ele trás alguma imagem para facilitar o entendimento do movimento.
Exercício do boneco seccionado na diagonal (19:30 – 47:00): O mesmo exercício anterior, mas agora na diagonal e, em vez de levantar, trata-se de atravessar a diagonal. Fazem cada um sua diagonal e depois vão todos ao mesmo tempo em coletivo. E em seguida em grupo olhando para o espelho formando um coro.
Observações do Hugo:
[22:10] O que eu quero é o torso completamente virado para cima com o cotovelo dobrado. O que eu quero é deforme [mostra 23:40]. Quebra o eixo. Faz uma ponte para trás. Quebra a cintura para trás.
[para o músico] disciplina! Se fizer isso, você a enlouquece!
Sente a pausa, é “Tom Tom bequadro”!
Notas do Pesquisador:
(Sobre 10) Neste momento o Hugo está precisando de uma musicalidade mais marcada para facilitar o entendimento do movimento. O musicista mudou o ritmo e isso confundiu a performer.
(Sobre vii) Isso não quer dizer que a música deve estar subordinada ao movimento, mas sim que, neste exercício específico, deve haver uma limitação de ritmo à música para que os intérpretes possam explorar uma proposta rítmica específica.
(Sobre 11) A precisão do movimento em “fotos” implica um domínio dos andamentos “pausa” e “rapidíssimo”, pois o que o Hugo chama de “foto” ou “slides” se trata de uma mudança brusca de andamento do mais rápido ao mais estático. Todo o seu trabalho passa pela exploração dos extremos dos parâmetros do movimento, pois o artista que entender os extremos também compreenderá o que está entre esses extremos, já o contrário não é necessariamente verdadeiro.
(sobre a parte final do exercício) Esse é um lugar comum do Hugo: começar com o trabalho individual para que se entenda o movimento e depois juntar em coletivo para formar o coro uma vez que o movimento individual já foi bem dominado.
Exercício do Monstro em câmera lenta (47:00 - ): A parte final da aula consiste em fazer a mesma proposta rítmica dos outros dois exercícios, mas agora em câmera lenta
Notas do Pesquisador:
Me chama a atenção que não se trata de apenas realizar movimentos que irão para a cena, mas sim de aprender com profundidade um movimento. Portanto, não trabalhamos apenas como ele vai ser, mas sim aquele movimento em todas as suas variações. Assim o corpo tem um entendimento profundo da movimentação.
Fim da Aula/Ensaio
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