Transcrição e Análise de Movimento – Ensaio dia 04/04/2017

 

Transcrição e Análise de Movimento – Ensaio dia 04/04/2017


Vídeo 1: https://www.youtube.com/watch?v=ZS3-iYrtk7Y


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Exercício da Canção Coletiva (Parte 1 - 00:00 à 11:20): Sentados em roda com o fundo musical de duas guitarras cada um canta um pedaço improvisado de uma música.


Observações do Hugo (numeradas em algaritmos arábicos) :

  1. Postura correta para iniciar o jogo. Estar dentro do jogo, dentro da viagem, sem se ajeitar ou se distrair o tempo todo.

  2. Projeção: a canção tem que ser ouvida. Não adianta ficar tímido.

  3. É preciso adentrar na melodia da música e não apenas contar uma história.

  4. Há uma seriedade por detrás de toda diversão. É preciso se divertir, mas também aprender a fazer bem.


Exercício da Canção Coletiva (Parte 2 – 11:20 à 19:03) : Todos levantam. O Exercício evolui para uma composição coletiva simultânea. Entra o movimento em duplas como dança de salão sem pararem de cantar. E trocam de duplas periodicamente. Ao final congelam.


Notas do Pesquisador (numeradas em algaritmos romanos):

  1. Chama a antenção a questão da Sensibilidade, isto é, como o exercício é feito não apenas para aprender habilidades específicas como cantar, dançar e improvisar simultaneamente, mas principalmente para aprender a vibrar com a música, adentrar a viajem e se despojar de limitações. A grosso modo é um exercício de Sensibilidade.


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Exercício de texto (Parte 1 - 19:04 à 29:09): Cada um fala em pouco tempo um trecho de um texto.


Observações do Hugo:


  1. Somar conhecimentos. Se já foi trabalhada a projeção no exercício anterior não se volta atrás.

  2. Achar o “apoio” da cena no lugar certo, no caso na própria voz, pois é um exercício de voz. E não ficar mexendo a cabeça, perdendo energia.

  3. Não se deve falar frases, se deve falar palavras. Dar o sentido de cada palavra do texto e não apenas do seu conjunto.

  4. Ouve tua música, não interpreta. É preciso aprender a se ouvir. Trabalhar com o espelho para se conhecer, saber como você parece em cada emoção e qual a sensação de cada emoção.

  5. O que quer dizer esse texto? O que eu quero dizer com esse texto?



Exercício de texto (Parte 2 – 29:10 à 48:48) [Continua no video 2]: Qual é o substantivo/adjetivo que me provoca falar esse texto? Cada um pensa na sua palavra e um por um levanta e faz a dança daquela palavra. Uma dança expressiva, Pina Bausch, Hugo Rodas, Gisele Santoro.


  1. (Para os músicos) Acompanha o que ela está fazendo. Não faz coisas pra ela fazer.

  2. (Para a Atriz) Usa tudo. Até ficar sentada você trabalha.

  3. Não se apeguem ao texto na memória, e sim à palavra e ao físico.

  4. (Para um aluno cuja palavra é Revolta) Revolte-se contra o tempo. Cada vez mais violento. Olha para diferentes pontos. Troca, Troca, Mais, Troca.


Notas do Pesquisador:


  1. A integração entre a música e a dança deve ser de igualdade. Tanto a música cria para o dançarino quanto o dançarino cria para a música. Essa é a diferença entre usar uma música mecânica para ensaiar e ter um músico presente no ensaio.

  2. (sobre a observação 8 do Hugo) O físico, a musculariedade deve ser um elemento independente do sentido do texto. Uma coisa é interpretar um texto figurativamente, como uma pantomima, outra coisa é se deixar inspirar pela emoção provocada pela palavra que por sua vez foi provocada pelo texto. Há alguns graus de separação entre uma coisa e outra. A Pantomima é direta (Sentido do texto → Movimento) No caso deste exercício podemos chamar de “expressivo” há um intermediário entre o sentido do texto e o movimento (Sentido do texto → Palavra Inspiradora → Movimento). E isso tem o resultado de abrir novas possibilidades de sentido não apenas para o texto, mas para a cena em si.

  3. (Sobre a observação 9 do Hugo) Aqui o aluno estava preso a um andamento específico (Lento) que estava sendo trabalhado pelos seus colegas. A Revolta contra o tempo tem o sentido de trabalhar outras variações do Parâmetro do Movimento Andamento. E “troca, troca, mais, troca” é uma estratégia para quebrar a racionalidade da expressão. Enquanto que “Olha para diferentes pontos” é um trabalho de Frentes.

  4. Não é preciso ser literal na interpretação do movimento. Há várias formas de euforia, de revolta, de tristeza, etc...

  5. É visível quando uma dança é sentida ou não. A Sensibilidade consiste também numa habilidade de unir todos os Parâmetros do Movimento numa conjuntura que permita vivenciar aquela dança.

  6. Um fator importante com relação ao movimento é a manutenção da continuidade da ação, isto é, uma ação deve se transformar na outra sem que o intérprete interrompa o fluxo da sua “viajem”. Não há uma regra fixa para se fazer isto, mas há algumas estratégias que auxiliam o ator como:

      • Repetir uma ação, transformando-a gradualmente, incrementalmente em outra movimentação. (O primeiro aluno a realizar esse exercício no vídeo é um bom exemplo disso)

      • Mudar drasticamente e subitamente de ação visando minimizar o tempo de “decisão” entre uma ação e outra.

      • Manter a mesma ação, mas alterando algum parâmetro do movimento.

      • Dentre outras.


Video 2: https://www.youtube.com/watch?v=p-XsWKuEurw


Exercício de texto (Parte 2 – 00:00 à 11:27) [Continuação]:

  1. Era pra expressar o sentimento do texto a partir de uma palavra, ou o sentir da palavra e não uma história ou interpretação da palavra.


  1. (Sobre a observações 10 do Hugo) Aqui novamente entre a noção de sentimento ou de sensibilidade que parece significar uma não racionalização da performance. No caso performar procurando realizar uma história racional é diferente de performar deixando fluir a sensibilidade provocada por aquela palavra. Um dos objetivos do Hugo é justamente o de desenvolver essa capacidade sensível no intérprete. Outra característica da racionalização é a repetição constante dos mesmos gestos e soluções cênicas em contraposição ao descobrir de gestos novos não premeditados.


Exercício de texto (Parte 3 – 11:27 à 17:02) : Realizar a mesma performance da parte 2, mas sem acompanhamento musical e em andamento rápido, o mais rápido que puderem. O Hugo vai chamando um por um para realizar a performance.


  1. (Para um aluno) Explorar os diferentes pontos com a cabeça para não repetir sempre a mesma coisa.


  1. (Sobre a observação 11 do Hugo) Isso me parece uma estratégia para sair da repetição e entrar na sensibilidade: Alterar um Parâmetro do Movimento, no caso as frentes com a cabeça.

Exercício de texto (Parte 4 – 17:02 à 35:20) : A Mesma coreografia, mas com o texto nos tempos que quiserem. É a sua música.


  1. (para uma aluna) mais rápido e com mais volume. E depois, mais grave.


  1. Todo esse exercício me parece muito efetivo para o trabalho de sensibilização do texto, pois mesmo que a coreografia seja ultimamente descartada numa possível apresentação a experiência sensível de ter feito aquela coreografia permanece no intérprete.

  2. (Sobre a observação 12 do Hugo) Essa me parece uma estratégia para sair da repetição: Alterar um Parâmetro do Movimento, no caso, o andamento. Outra estratégia é a alteração da dinâmica e altura da voz. Será que toda alteração de Parâmetro seja de movimento ou de voz constitui uma possível porta para a sensibilidade? Ou ao menos um caminho para a não racionalização/interpretação?


Exercício de Texto – Parte 5 (35:20 à 37:26): Ficar em pé e dizer o texto sem movimento algum. Imagina o movimento da voz. (Após 37:26 minutos o Hugo faz comentários sobre o exercício como um todo até o final do video aos 58:00)


  1. Vocês perceberam a diferença enorme? E ele crê que está falando do mesmo jeito. Então, cadê a Memória?

  2. (Sobre o Nobu) Não vemos o trabalho criativo dele e sim o mesmo gordito de sempre que nos diverte. Temos que deixar de ver o outro e passar a ver o ser criador que há no outro.

  3. Como estamos trabalhando no teatro de arena temos que projetar a voz senão não seremos ouvidos.

  4. As vezes temos medo de projetar porque temos medo de ficar demais. Mas é melhor aprender a ficar demais primeiro e depois tirar se necessário.

  5. Falo da voz muscular, que penetra em mim e não que apenas me acompanha como se fosse uma música. Uma voz que penetre em mim e ordene meus músculos, que ordene meu corpo.


  1. (sobre a observação 14 do Hugo) Isso tem a ver com se desenvolver criativamente; ver a cada dia uma evolução no trabalho criativo do ator; ver que ele explora novas coisas e consegue fazer coisas diferentes das que ele já sabia fazer antes.


Video 3: https://www.youtube.com/watch?v=7ZCVtieYvhE


Continuação dos comentários sobre o Exercício do Texto (00:00 à 11:31):


  1. Esse elemento surpresa que dá o improvisar e não o me repetir.

  2. Todos temos que começar a investigar isso, quando nos repetimos, como nos repetimos. Há várias pessoas que fazem o que já sabem fazer.

  3. Há um grande problema com a maioria: não olham nunca em oposição. Quase sempre, o que chamo de frontalidade. Ficam sempre como um soldado, um boneco.

  4. Vamos começar a não festejar o que não é bom e começar a festejar o que é bom. Para não estacionarmos o intérprete. Parace que queremos que eles não se desenvolvam.


Fim da Aula/Ensaio

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