Transcrição e Análise de Movimento – Ensaio dia 02/05/2017
Transcrição e Análise de Movimento – Ensaio dia 02/05/2017
Vídeo 1: https://www.youtube.com/watch?v=2RelN956LSQ
Vídeo 2: https://www.youtube.com/watch?v=CFXj62XJd1s
Em trabalhos livres elaborados previamente as mulheres fazem homens e os homens mulheres (00:00 à 26:15):
Notas do Pesquisador:
Fica claro já nos primeiros exercícios que sair do lugar comum já está bem estabelecido como prática. Não é porque vamos fazer uma figura de outro genero que se perde a exploração dos parâmetros do movimento.
Este exercício é bastante interessante para a compreensão dos vários “femininos” e “masculinos” que se pode ser em cena, pois não se trata de reproduzir uma imagem estereotipada do que representa cada gênero, mas de entender uma energia interna que afeta a interpretação e o movimento, mas de forma sutil e um tanto inefável. O exercício realizado nos entre os minutos (10:47 à 14:30) é um bom exemplo de como se pode fazer o “feminino” sem reproduzir uma idea pré-concebida. Já o exercício logo anterior a este já trás algo mais estereotipado. Neste entendimento, o que é o feminino ou o masculino em termos da representação? Seriam representações de homens ou mulheres reais ou a representação de como homens ou mulheres “deveriam” se comportar? Ao final do exercício alguns alunos comentaram: os personagens masculinos estavam mais aterrados, de pernas abertas, pensativos ou tristes; já as personagens femininas eram alongadas, sensuais e quase sempre mexiam no cabelo.
O trabalho do Nobu foi muito elogiado, pois trazia um feminino que não era estereotipadamente o que se pensa que é uma mulher.
As pessoas que não fizeram o exercício opinam sobre o trabalho que viram (27:10 à 49:56):
Comentários dos alunos:
Eu como platéia queria ver o que é uma mulher então trabalhos como o do Nobu ficaram claros que tinham uma energia diferentes, mas sem perder o Nobu.
Algumas pessoas trouxeram a mulher [representação] ao invês de sentir a mulher [sensibilidade]
Parece que todos que iriam fazer um personagem feminino tinha a sensualidade do movimento feminino.
As personagens femininas pareciam dependentes enquanto os masculinos eram independentes.
O lado feminino dos homens parecia ligado ao pequeno e ao singelo.
Senti a investigação dos homens fazendo o feminino mais variado do que o das mulheres fazendo homens.
Oservações do Hugo:
Não me importa se era tímida ou outra coisa, era a mulher dele.
Quando eu peço um exercício como este eu gostaria que não entrasse nenhum fator exterior. (…) Não uma condução de fora, mas virar uma mulher de dentro.
Não importa se me gusta ou não me gusta, isso é outra história, é sobre o que eu sinto.
Notas do Pesquisador:
(Sobre 1 e 2) Como muito do trabalho do Hugo, não se trata de um trabalho sobre a forma do movimento vindo de uma concepção externa, mas sim de uma forma que emerge de uma sensibilidade interna. As únicas excessões são as convenções estéticas propostas pelo Hugo como a “queda em espiral”, a “volta Hugo Rodas” e a forma específica da sua câmera lenta.
(Sobre 3) Não se trata de uma questão de opinião, mas de sensibilidade. Independentemente das opiniões, quando uma sensibilidade está presente não há como negar sua existência.
Vídeo 3: https://www.youtube.com/watch?v=AHfR3p_pAIc
Em improvisações livres as mulheres fazem homens e os homens mulheres – Parte 2 (00:00 à XXX): Consiste no mesmo exercício anterior, mas agora em grupos.
Notas do Pesquisador:
Vê-se que o grupo já está entendendo no que consiste uma câmera lenta. O trabalho de sensibilidade e movimento está bem desenvolvido.
Também uma prática corrente do Hugo desenvolver cenas individuais e juntá-las todas em uma cena grupal sem pré-concepções. O sentido da cena se fáz na recepção do espectador mais do que na concepção da cena.
(Sobre 1) O toque tanto em si mesmo quanto no corpo do outro é uma característica marcante do trabalho do Hugo. O toque tem uma relação direta com a sensibilidade, pois todo o trabalho de câmera lenta se dá praticamente como uma meditação ativa.
(Sobre 2) Mais uma vez é o entendimento de que não se deve apoiar a cena numa interpretação, mas sim deixar que o acaso sensível guie a cena.
(Sobre 3) Pois a câmera lenta leva para a sensibilização.
A inversão de identidades de gênero por si só já trás uma vivacidade para a cena, pois o intérprete ocupa a sua sensibilidade com uma atividade.
(Sobre 5) Um movimento que vem de dentro, da sensibilidade, não pode ser criado com uma interpretação argumentativa que força uma ideia. Essa técnica é a técnica da liberdade criativa.
Observações do Hugo:
É bom não sentir medo de tocar o outro e sentir o outro pra poder sensibilizar.
(referindo-se ao trabalho do grupo no minuto 14:30) A pena do trabalho foi ter seguido uma linha argumental e perder a sensibilidade. O diferente foi o alemão, que fez um trabalho interessante e diferente dos outros dois. Tentem escapar do argumento, tentem que a coisa em si crie o argumento.
Não existe mais homens ou mulheres assim [estereotipados], os homens e mulheres estão mais parecidos. E a câmera lenta ajuda a não cair no estereótipo.
Quando saem da câmera lenta vocês não dominam nada. A sua queda foi péssima, pois não tinha qualidade. É preciso não perder isso. A câmera lenta possibilita que você duvide do que você está fazendo [e proponha outra coisa].
Não é necessário entrar numa linha argumental para obter uma cena dramática. Seguir uma linha argumental é algo nocivo para este trabalho. Por isso sentir a câmera lenta e a liberdade de criar é algo fundamental.
Fim da Aula/Ensaio
Comentários
Postar um comentário