Transcrição e Análise de Movimento – Ensaio dia 11/05/2017
Transcrição e Análise de Movimento – Ensaio dia 11/05/2017
Video 1: https://youtu.be/9GMwN08XX_I
Conversa inicial (00:00 à 07:00) : Hugo conta a história das roupas do rei dos irmãos grim e diz que seria interessante fazer uma criação com isso. Esta é uma continuidade do trabalho realizado na última aula. Segue o trabalho com a câmera lenta.
Apresentação das cenas que trabalharam em casa com as energias masculinas e femininas e texto (07:00 à ):
Observações do Hugo:
Performance 1 (07:00 à 15:18) : Eu acho que o texto não está te acompanhando: o: movimento está lento e o texto está rápido, tanto que a cara saiu da câmera lenta.
Eu, quando falo eu sinto que estou fazendo uma peça. Vocês quando falam sinto que estão relembrando um texto. Vocês têm que começar a burilar essa noção de dar importância à uma frase.
Performance 2 (15:19 à 22:45) : Desce o registro (da voz) do homem. Fica mais duro. Você segue com o mesmo registro de voz então é um personagem.
Porque quebra a câmera lenta? Não quebra a câmera lenta.
Quando eu te digo, trabalhar em casa, não é pra trabalhar eternamente a mesma coreografia, mas sim em diferentes coisas: tomando banho, fritando um ovo, etc. As vezes me parece que você tá reproduzindo uma coreografia.
Performance 3 (22:46 à 28:33) : Como o seu registro de voz é alto ficou um pouco confuso quando o homem apareceu. O problema foi a falta de definição de qual energia era em cada momento.
Não precisamos estar nessas noções estereotipadas de masculinidade e feminilidade: Não é porque você caminha ou age como mulher que você é uma mulher e o mesmo para o homem.
Performance 4 (28:34 à 37:37) : Eu achei bom você mudar o registro da voz sem mudar muito o corpo. Mas, por exemplo, porque eu chamo de interpretação? Quando a intensidade da voz chega perde-se a câmera lenta. Também a cara não muda ou então muda abruptamente quando a voz chega.
(após demonstrar) Eu sei melhor fazer do que explicar.
Performance 5 (37:38 à 42:08) : Eu vi claramente o homem e a mulher mesmo sem muita coisa. Eu acho que o que falta é um pouco de Silvia Davini, essa coisa de trabalhar muito a voz diafragmática e pulmonar, isto é, como me apoio.
Performance 6 (42:09 à 46:40) : Eu acho que pelo medo que você normalmente sente por estar aqui foi um bom exercício. Mas o homem me pareceu absolutamente feminino até que me olhou. A mulher foi clara na voz já no movimento não foi. Isso porque a timidez te anula o trabalho corporal. Você tem que arriscar.
A câmera lenta não é algo que você domina em sala de aula, mas fechando a porta da geladeira em câmera lenta, escovando os dentes, namorar, pentear os cabelos, as coisas mais incríveis em câmera lenta.
Performance 7 (46:45 à 48:41) : Pra mim não foi fácil, pois revezou muito entre homem e mulher. Outra coisa: a cruzada de pernas tá virando um simbolo feminino e que não precisa ser.
Notas do Pesquisador:
(Sobre 1) A câmera lenta serve como uma medida para a organicidade do texto. Não quer dizer que o texto precise estar lento porque o movimento está lento, mas sim que eles precisam estar integrados seja em consonância ou dissonância e contraponto.
(Sobre a Performance 1) O trabalho com as energias masculinas e femininas me parece uma forma de dar um estofo sensorial para a performance.
(Sobre 2) Essa é uma noção que o Hugo sempre trabalha: nunca se faz apenas por fazer, mas sim como se, de fato, estivêssemos numa apresentação. A sala de ensaios é também uma apresentação para o diretor.
(Sobre a Performance 2) Fica claro que a movimentação está segmentada: braços movem e param para mover a perna, etc. Isso mostra uma não organicidade do corpo.
(Sobre 5) Aqui o Hugo deixa claro o que é o trabalho do ator em casa: não se trata de repetir, mas de fazer o texto em variações diversas com o intuito de enriquecer a proposta. Repetição do mesmo não ajuda o ator à dar verdade e profundidade ao seu texto.
(Sobre a performance 3) Me parece que há uma desconexão entre o texto e o movimento em alguns momentos. Percebo que uma grande dificuldade da técnica muscular é falar o texto de acordo com a sensibilidade proposta pelo movimento.
(Sobre a performance 4) Pela primeira vez apareceu alguma atuação mais enérgica. Mas fica claro até mesmo pela forma como o intérprete fala sobre a sua própria performance que ele está pensando num personagem que dramaturgicamente faça “sentido” ao invês de apenas sentir cada momento.
(Sobre 9) Uma observação de ator, pois se trata de fazer e não de raciocinar sobre o que se faz. Ser ator é estar imerso nessa ação, pois se a imagem fala mais que mil palavras, a ação fala mais do que mil imagens.
(Sobre 10) Isso é a voz muscular: a ideia de que a voz vem de uma interação dos musculos do corpo, principalmente dos musculos relacionados à respiração, mas não resumido a eles. Se trata de uma exploração física da voz.
Video 2: https://www.youtube.com/watch?v=EDJIqOd95Hs
Observações do Hugo:
Performance 7 (00:00 à 03:49) : Tem uma coisa que tem que tomar cuidado: os finais para cima são mortais. Todas as vezes que eu termino uma frase eu termino para baixo, pois dá uma sensação de final. Se eu termino para cima dá a sensação de que vai continuar.
Notas do Pesquisador:
(Sobre 14) Estudo da voz.
Video 3: https://www.youtube.com/watch?v=wIR9xH93xro
Observações do Hugo:
Performance 8 (00:00 à 12:35) : A sua voz escapa (perde a força).
Eu não quero ver o amaneiramento de um homem que faz mulher. Porque aí fica um homem amarelado com voz fina. Senão não é uma mulher, mas a bixona que tem dentro de você.
Notas do Pesquisador:
(Sobre a performance 8) Curioso como no momento em que fica interpretativo perde-se a câmera lenta.
(Sobre 16) É mais eficiente fazer uma mulher sentindo o que é ser uma mulher do que tentar fazer um gesto externo.
Improvisando o texto em dupla decidindo quem vai ser o homem e quem a mulher (12:35 à 15:08) :
Observações do Hugo:
Me confundiram totalmente. Vocês começaram de um jeito e você fez um gesto que mudou tudo. Foi claríssimo, isso é importante. Muitas vezes nós damos bandeira, saimos do personagem e voltamos a nós mismo. Quero que entendam que o personagem é outro, é algo que não se invade, é algo que dá outro tempo, que não sou eu, mas sou eu a serviço dele. O personagem sou eu com a minha técnica a serviço dele. E que eu não preciso me mostrar na minha integridade, mas preciso mostrar o meu ofício.
Notas do Pesquisador:
(Sobre 1) O Hugo indica a ideia de que a prática do ator é um ofício e não algo auto-centrado em que o eixo é a pessoa “artista”, mas sim o artísta enquanto trabalhador, enquanto artesão. Essas coisas tendem a se confundir, pois o corpo do artísta é também a sua obra no caso do ator, mas não é saudável para a sua prática confundir esses dois campos: o artista e o personagem.
Fim da Aula/Ensaio
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